Consulta de Hipertensão
RESPONSAVEIS – Dr.ª Joana Oliveira, EF Florbela Ferreira e SC Elisabete Brito .
A Hipertensão Arterial é uma das doenças mais prevalentes a nível mundial e o principal fator de risco para os eventos cérebro e cardiovasculares: em Portugal estima-se uma prevalência de 36% na população entre os 25-74 anos, sendo que cerca de um terço das mortes têm causa atribuída a doenças do aparelho circulatório.
A Hipertensão Arterial foi considerada "a principal causa global de mortalidade prematura em 2015, sendo responsável por quase 10 milhões de mortes e mais de 200 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade" (Sociedade Portuguesa de Hipertensão [SPH], 2020).
A DGS aponta a HTA como principal fator de risco para as doenças cérebro e cardiovasculares, sendo estas responsáveis por cerca de 32% dos óbitos em Portugal (DGS, 2013). Uma das metas do Plano Nacional de Saúde 2012-2016 [PNS] com extensão a 2020: "Reduzir a mortalidade prematura (≤70 anos), para um valor inferior a 20%" (DGS, 2015), alinhando-se ao compromisso "Resolução da OMSEuro de 2012 de redução em 25% a mortalidade referente a doenças não transmissíveis (atribuível às doenças cardiovasculares, cancro, diabetes e doenças respiratórias crónicas)"
# O que é a Pressão Arterial ?
A pressão arterial é exercida nas paredes das artérias quando o coração bombeia sangue para o corpo e caracteriza-se por dois parâmetros:
- Pressão arterial sistólica ou "máxima" quando o coração contrai;
- Pressão arterial diastólica ou "mínima" quando o coração relaxa.
# Quais os critérios de diagnostico de HTA?
De acordo com a OMS, HTA é definida como "pressão arterial sistólica igual ou superior a 140 mmHg e / ou pressão arterial diastólica igual ou superior a 90mmHg" e a DGS define, na sua norma 020/2011 atualizada em 19/03/2013, HTA como "(…) a elevação persistente, em várias medições e em diferentes ocasiões, da pressão arterial sistólica (PAS) igual ou superior a 140 mmHg e/ou da pressão arterial diastólica (PAD) igual ou superior a 90 mmHg" (Direção Geral da Saúde [DGS], 2013.
# A Hipertensão arterial "dói"?
Regra geral, a HTA não provoca quaisquer sintomas nos primeiros anos de doença. Nalguns casos, pode manifestar-se através de dores de cabeça, tonturas, mal-estar difuso, visão desfocada, dor no peito ou sensação de falta de ar.
# Porque é uma doença tão perigosa ?
Com o passar dos anos, a HTA acaba por causar lesão em órgãos essenciais, sendo considerada fator de risco significativo para:
- Doença vascular cerebral;
- Alterações cognitivas;
- Doença coronária;
- Insuficiência cardíaca;
- Fibrilhação Auricular e outras arritmias;
- Insuficiência renal;
- Doença vascular periférica;
- Disfunção erétil.
# Que tipos de Hipertensão Arterial existem?
A HTA pode ser essencial, ou primária, ou seja, aquela para a qual não se conhecem causas, ou, secundária, quando é possível encontrar uma doença / condição associada que é a verdadeira causa da HTA (apneia do sono, doença renal crónica, síndrome de Cushing, o feocromocitoma, gravidez, uso de contracetivos orais, a hereditariedade, a idade, entre outros) (SPH, 2020).
Cerca de 90% dos diagnósticos reportam-se a uma HTA primária, e esta, habitualmente associa-se a fatores predisponentes, geralmente comportamentais, passíveis de modificação pois que não existe doença associada.
Alguns comportamentos de risco para a HTA poderão ser:
- ausência de atividade / exercício físico,
- ingestão abusiva de sal e gorduras saturadas,
- abuso alcoólico,
- obesidade e má gestão do stress.
Refere ainda que a globalização da sociedade, o baixo rendimento das famílias, o grau de escolaridade são alguns dos determinantes sociais que poderão contribuir para o desenvolvimento de HTA, em muito pela adoção de comportamentos de risco como a inatividade física e hábitos alimentares inadequados. (OMS, 2013).
# Qual a finalidade da consulta de Hipertensão Arterial?
Esta consulta destina-se aos utentes com Hipertensão Arterial diagnosticada e visa:
- Vigiar, aconselhar e educar o doente com Hipertensão Arterial, seus familiares e outros cuidadores;
- Promover a aceitação do estado de doença;
- Promover a autovigilância;
- Promover a gestão e adesão ao regime terapêutico;
- Apoiar o desenvolvimento de competências de autocontrolo da doença crónica;
- Identificar fatores de risco cardiovascular e atuar no sentido de os minorar/ eliminar; serão solicitados exames adequados ao doente hipertenso;
- Referenciar para cuidados especializados, sempre que necessário, com acompanhamento simultâneo da situação e receção de retorno, em continuidade de cuidados.
# Quem realiza a consulta?
A consulta de vigilância do doente Hipertenso é multiprofissional (médico e enfermeiro de família) e pode ser agendada pela equipa de saúde ou a pedido do utente.
# Qual a periodicidade destas consultas?
De acordo com as orientações técnicas da Direção Geral de Saúde, a periodicidade recomendada destas consultas é de 6/6 meses (num total de 2 consultas por ano), porém é variável de acordo com o controlo tensional do utente.